sobre o projeto

Neste projeto, buscamos oferecer um obi.tu.á.rio que apresenta a tensa urgência do abandono e o risco iminente de desaparecimento de arquiteturas de Recife e seus arredores.

Importante deixar pautado que os critérios para escolha dos edifícios, escolhidos ainda durante a elaboração do projeto para o Funcultura, foram prioritariamente dois: a unicidade – sobretudo dentro do conjunto imediato e o risco de desaparecimento e a situação de seu contexto urbano – como está a verticalização e a especulação imobiliária na região. No entanto, durante o processo de pesquisa, percebemos que não estávamos somente documentando casas e edificações em risco de desaparecer, mas também o desaparecimento de uma forma de habitar. O desaparecimento de um habitar a rés-do-chão.

Assim, quando apresentamos aqui nosso Novo Obituário da Arquitetura Recifense estamos falando de uma forma de habitar e de estar na cidade, um acesso aberto e direto às construções que vão, uma a uma, desaparecendo no piscar dos olhos, com a morte dos mais velhos e corajosos habitantes que resistem em tipologias que a a lógica urbana contemporânea expulsa.

Aqui, todos os edifícios estão de pé, as formas de falecimento registradas aqui não são literais, mas iminentes. Falamos de um contexto onde casas e edifícios ficaram vulneráveis por uma convivência predatória com modelos mais rentáveis de ocupação do solo. Ocupação esta que ameaça, aos poucos, suas presenças no território da cidade.

No entanto, é preciso lembrar que existem muitas formas de desaparecer, de deixar de existir, uma delas é cair. É deixar materialmente de estar. Outros modos se dão de maneira mais discreta: seja no parar de circular na língua falada; seja na ausência do conjugar da arquitetura construída e estudada; seja na vida urbana construída e compartilhada. Este obi.tu.á.rio é uma coleção de tipos construídos que deixaram de ser praticados pelo desejo comum, mesmo continuando de pé.

A marca do projeto consiste na silhueta de um ícone de casa, com a inscrição obi contida dentro dela, deslizando, à beira da queda.

Foram tiradas mais de 10 mil imagens de fotografias. Mapeadas e levantadas mais de 80 edificações para a pesquisa final. Destas, foram escolhidos mais de 20 recortes que pudessem representar a parte mais significativa dos tipos de morte e desaparecimento que foram registrados em Recife e seus arredores.

Todo o projeto tem suas imagens com texto alternativo para torná-lo acessíveis à comunidade cega ou com baixa visão. Basta acessar através de aplicativos de Acessibilidade e o leitor irá ler as descrições das imagens através da audiodescrição. O template do projeto também foi construído com máximo contraste (branco/preto) para facilitar o acesso de pessoas com baixa visão.

Este projeto só foi possível através de recurso do Funcultura.