***Texto Alternativo das Imagens Disponível








Sábado, fim de tarde, rua quase que completamente deserta. Só uma banca de bicho aberta, um pagode tocando abafado, meio distante. – Deve ser no Mercado da Boa Vista – comentou. A rua em que está o edifício parece cristalizada em um outro Recife, onde tudo passa mais devagar, como num domingo. O prédio é o sonho de todo estudante de arquitetura e urbanismo hoje, um edifício misto, embaixo só portas de ferro comerciais fechadas. No primeiro andar, janelinhas divididas em módulos protegidos da uma chuva e sol não-tropicais. Marquise e platibanda, desenhadas com uma geometria ainda precisa, mesmo com a manutenção predial em débito já que aparecem tijolos em parte da fachada sem reboco. Quem quer se proteger, projeta uma grade que parece uma gaiola sob as janelas. Janelas duplas de venezianas que se abrem em par, mas não nesta tarde de sábado. O silêncio quase completo da rua, continua ressoando pelas poucas aberturas do edifício. Cercado de sobrados abandonados com muros altos, já aparecem os prédios de mais de trinta pavimentos na esquina, à espreita. Olhando para além do edifício, o Recife aparece em um futuro único, de edifícios prismáticos de cerâmicas 10cmx10cm. Com guaritas com câmaras bypass, para salvar os desejáveis da perigosa rua e estacionamentos de três ou quatro pavimentos que aumentam ainda mais o abismo entre a calçada e as novas habitações. Aqui fica nosso registro da sua presença e resistência em ainda ocupar, amplamente, a cidade.